quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Aos parceiros dos soldados

Obrigado a todos que ajudaram a realização dos "Soldados da Borracha". Ótimo Natal e que 2011 seja generoso com todos!



Um abraço,

Cesar Garcia Lima

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Diário de filmagem - sexto dia; making of

No sexto dia de filmagem, voltamos a Rio Branco. Fiquei exausto e constatei que isso tinha muito a ver com o calor, que é maior na capital do que em Plácido de Castro, Xapuri ou no seringal Cachoeira. Em alguns momentos no interior é possível até sentir um friozinho típico da floresta. Mesmo cansado e sem conseguir falar muito no making of, o sexto dia foi muito divertido, já que acompanhamos seu Walter da casa dele ao  curioso forró do Centro Cultural Lydia Hammes, no bairro do Aeroporto Velho (vejam  um dos primeiros posts deste blog).
Graças ao apoio da Usina de Arte, com a gravação de Felipe Cavalcanti e Marcelo Zuza, fizemos este making of, editado por Aleksander Tsapov, estoniano que aportou no Rio de Janeiro. Foto de Talita Oliveira.

Uma conversa no forró virou debate informal no filme














Making of:

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Diário de filmagem - quinto dia

No quinto dia de filmagem, ainda em Xapuri, decidi levar seu Elias ao seringal Cachoeira, onde ele trabalhou entre os anos 1960/70 e conheceu Chico Mendes. O seringal Cachoeira abriga hoje uma pousada  de modelo sustentável, com passeios pela mata para conhecer o processo de extração da borracha, a samaúma (uma árvore gigantesca, um dos símbolos amazônicos) e um dos poucos locais onde há pedra nessa região do Acre. A entrada do seringal fica um pouco antes da entrada da estrada para Xapuri, hoje conhecida como a Estrada do Pacífico, desembocando no Peru, e lá ainda se respira o ar mais puro da floresta. A mesma estrada também é conhecida como Estrada da Borracha. Seu trajeto total deve ser inaugurado em 2011, criando expectativa sobre uma nova rota de exportação brasileira. Deixei esse trecho das filmagens para uma nova edição do documentário, apostando que a questão ecológica pode ser mostrada nesse retorno às origens de seu Elias.  Acima, uma foto antiga dessa rota rumo ao mar.

domingo, 21 de novembro de 2010

Caldo de piaba : trilha sonora entre a tradição e a novidade


Caldo de Piaba: originalidade instrumental que vem do Acre

Quando estive no Acre em abril para cuidar da pré-produção dos Soldados da Borracha, ouvi pela primeira vez o som do Caldo de Piaba, banda acreana instrumental que atualiza com uma levada pulsante o carimbó, o brega e outros ritmos  do  Norte. Senti uma imediata afinidade com o trabalho do grupo, que combina tradição e novidade com um toque autoral de muita originalidade. A música "Sborba" ( nome de um antigo clube de Rio Branco, frequentado pela "velha guarda", e recentemente restaurado pelo Governo do Acre) me remeteu imediatamente ao filme, como um bolero pop em que o antigo rejuvenesce. Foi assim que convidei o grupo para participar da trilha sonora dos Soldados da Borracha e "Sborba" deu charme à abertura do filme. Outras duas composições foram incluídas na trilha: "Lamabada Nova" e "Daimagem". Caldo de Piaba é formado por  Arthur Miúda (baixo), Saulim (guitarra) e Eduardo Di Deus (bateria), vistos aqui  (da esquerda para a direita) em  foto de Talita Oliveira. Conheçam e baixem as músicas do Caldo de Piaba em


http://www.lenhador.com/2010/05/caldo-de-piaba-volume-dois-2010.htmlhttp://www.myspace.com/caldodepiaba

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Diário de filmagem - quarto dia


A equipe e seu Elias (camisa amarela) em frente à casa de Chico Mendes


Depois de entregar o filme ao ETNODOC, volto a lembrar das filmagens neste diário. 
Após a longa entrevista com seu Justino, em Plácido de Castro, partimos para Xapuri, onde uma surpresa nos esperava. Luiz Targino de Oliveira, soldado da borracha com quem tinha feito contato anteriormente, tinha se ausentado da cidade para tratamento de saúde em Brasiléia, na fronteira com a Bolívia. A suspeita era de hanseníase e seu estado era delicado, como constataríamos mais tarde. Isso exigiu que encontrássemos outro personagem que, para nossa sorte, localizamos rapidamente com a ajuda da Dercy Teles, atual presidente do Sindicato dos Trabalhadores Ruraris de Xapuri, cargo que foi de Chico Mendes. Tucano (apelido de um dos ajudantes do sindicato) nos levou até seu Elias. 
Elias Dias de Souza, 77 anos, nascido nos seringais do Acre, era amigo de Chico Mendes desde o seringal Cachoeira, nos anos 1970. A figura de Chico Mendes, aliás, continua a pairar como uma referência  em Xapuri, cidade conhecida mundialmente depois de seu assassinato, mesmo que pouca coisa tenha mudado por ali desde dezembro de 1988.
Seu Elias foi um achado, pois tem a mesma trajetória de trabalho na borracha (como Luiz Tragino) e  presenciou a decadadência dos seringais, tendo se envolvido em seguida com a fundação do sindicato. Uma de suas frases marcou minha memória e está no filme: "Até hoje tenho honra e se pudesse ainda cortava seringa". 
Com seu Elias tiramos uma foto em frente à casa de Chico Mendes, que permanecia fechada sem explicação, enquanto uma enorme árvore cortada por motossera, por conta de uma construção do vizinho, parecia dizer que a luta continua. Ainda temos muito o que aprender sobre a questão ecológica na Amazônia e parece que um dos principais problemas é fazer com que todos entendam que luta ecológica inclui também o homem, um animal nem sempre racional. Outro ponto é pensar na conservação ecológica ao mesmo tempo que se estrutura uma alternativa econômica para que os remanescentes do trabalho extrativista possam ganhar a vida. Mas isso já é outra história e, quem sabe, outro filme.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Diário de filmagem - terceiro dia

Justino Antônio de Souza e sua família em Plácido de Castro

No terceiro dia de filmagens fomos a Plácido de Castro, cidadezinha a 1h30 de Rio Branco, em uma das fronteiras do Acre com a Bolívia. Nosso personagem na cidade é Justino Antônio de Souza, 82 anos, cearense de Tianguá, que se alistou como soldado da borracha durante a Segunda Guerra Mundial junto com dois irmãos. Seu Justino teve uma trajetória incomum como seringueiro e, além de extrair borracha, ajudou os patrões a amansar índios e se tornou um ótimo caçador. O trabalho de seu Justino também se estendeu à saúde e ele se tornou uma espécie de enfermeiro, percorrendo os rios e matas do Acre. Em um dos momentos mais fortes de seu depoimento contou como amputou a perna de um homem picado por uma cobra. E seu Justino, acreditem, ainda canta!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Diário de filmagem - segundo dia

Volto a este blog depois de vários dias "ilhado" na edição. Montar o filme como média-metragem me preocupava, pois sempre o imaginei como longa, já que a história dos soldados da borracha é literalmente comprida. Com o filme montado, me surpreendi por ter ficado satisfeito, já que com tantos fatores em jogo fica difícil prever o resultado. No momento, estou em compasso de espera para a finalização, que ainda dependem de apoios. Mas vamos ao segundo dia de filmagem!

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Segundo dia

O protagonista do segundo dia de filmagem é o cearense Antônio Tomé Dias, 82 anos. A equipe e eu o pegamos em casa na rua 6 de agosto, em uma estranha "periferia" de Rio Branco, já que fica a cinco minutos do centro da cidade. Para vocês terem uma ideia do cenário, quando o conheci na pesquisa de pré-produção, na casa de um outro soldado da borracha, uma boca de tráfico foi desbarata no beco vizinho, em uma ação que envolveu dezenas de policiais.
Durante as filmagens levamos seu Antônio ao antigo seringal Catuaba, a poucos quilômetros de Rio Branco, onde funciona agora uma reserva administrada pelo INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Evandro Ferreira, meu amigo de infância e agora importante pesquisador do INPA, foi nosso guia nesse local que ainda conserva mata intocada, uma raridade nas proximidades da cidade.
Seu Antônio conserva o ar sério dos homens do sertão e carrega junto com ele cópia da documentação que o tornou soldado da borracha. Explicando melhor: quando foi para o Acre, durante a Segunda Guerra, ele tinha 16 anos e não foi aceito oficialmente como soldado da borracha. Não tem importância: conseguiu um atestado de conduta e, emancipado, embarcou e conseguiu trabalho nos seringais do Acre. Com memória intacta, ele recorda detalhes da viagem, os locais onde cortou seringa e seu exímio talento como caçador. Na mata, parece ter encontrado seu elemento primordial, e todo vestido de verde, só se distingue da vegetação porque mantém o andar ligeiro. Se ainda encontrasse trabalho como seringueiro, certamente viveria na floresta. Conversei com ele em vários locais diferentes desse antigo seringal e seu Antônio mostrou como cortava seringa, o uso do chá de bálsamo e ainda recitou vários versos de cordel, um talento escondido e mais do que bem-vindo, já que aparece logo no início do filme. No final das filmagens, eu ainda descobriria o incentivo para a educação que seu Antônio deu aos filhos.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Na ilha de edição

Há pouco mais de duas semanas iniciei a montagem do filme, junto com Tito Gomes, sócio da Modo Operante, no comando do final cut (programa de edição não linear). São mais de 30 horas de filmagem que devem ser resumidas em 26 minutos, limite estabelecido pelo ETNODOC. A ideia é fazermos esse produto a ser exibido nas TVs públicas e depois montar um longa-metragem. Felizmente temos bom material e histórias não nos faltam. O trabalho é de esforço concentrado e hoje comemoramos o primeiro corte do filme, que inclui trechos bastante animados, com direito a forró.
Tito Gomes no comando do final cut 
As manifestações de interesse tampouco param de chegar. Há alguns dias recebi a mensagem do defensor público Carlos Eduardo Silva, que está à frente da Ação Soldado da Borracha, que pretende rever a situação desses aposentados no Pará. Por outro lado, recebi um email de Gabriel Rodrigues, conterrâneo de Rio Branco, Acre, 15 anos, estudante do Colégio Meta (onde também estudei), pedindo dicas para um documentário que ele e colegas estão fazendo na escola. Enviei alguns palpites e fiquei feliz que a história dos soldados da borracha esteja despertando o interesse de várias gerações.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Diário de filmagem - Primeiro dia




A lua continuava cheia em 28/06 quando saí da cama e vi o sol nascer por volta das seis horas, fato raro na minha existência de notívago. Meu obsessivo plano de filmagens marcava 06h30 como horário de saída de toda a equipe na van branca dirigida por Decleio, nome que ninguém conseguia decorar. O carro pegou primeiro a equipe no hotel, depois a mim na casa do meu pai (ou seria minha casa? várias questões "existenciais" como esta passavam pela minha mente naquele dia). 

 


O primeiro personagem com o qual iríamos conversar era "seu" Walter Nunes de Castro,, que eu conhecera  no forró do Aeroporto Velho, e que escolhi para estar no filme quando disse que "a vida nossa nós não tivemos um mandante que se interessasse por nós e já se sente feliz por quem fala  da gente".  Ele marcou encontro conosco embaixo da caixa d'água da rua Seis de Agosto, perto do quarto onde mora, o que para mim soou como uma necessidade de preservar sua modesta moradia, um quarto alugado perto dali. Não era bem isso e só mais tarde entendi do que se tratava.
Aos 77 anos, aposentado como soldado da borracha, seu Walter é filho de cearense e nasceu no Seringal Iracema, no Acre, onde trabalhou 30 anos como seringueiro. Aí entra uma questão polêmica: decidi incluir no filme seringueiros nascidos no estado porque entendi que a aposentadoria adquirida por eles a partir de 1989 reconheceu o trabalho de todos, migrantes ou nativos, então tomei partido.  Ou seja: depois da aposentadoria, todos que ganham o benefício se denominam soldados da borracha e o filme vai refeletir esse direito adquirido. Não me arrependo: escolhi personagens bastante diferentes entre si, mesmo que a trajetória deles nos seringais tenha vários pontos em comum, e o arco da história vai do Nordeste aos dias atuais, no Acre.


As primeiras imagens que fizemos mostram seu Walter caminhando no calçadão da Gameleira, árvore centenária que continua de pé, às margens do rio Acre, onde hoje uma grandiosa bandeira marca presença. A poderosa câmera Canon EOS 5D, altamente recomendada pelo Pedro, diretor de fotografia, devolveu ao lugar sua dimensão épica e repleta de referências  históricas, reduto do comércio sírio-libanês do início do século XX. Depois fomos bairro vizinho, primeiro porto dos soldados da borracha nordestinos, passando pelo antigo Barracão do Quinze, antigo forró, e ao decadente mercado. Mas a melhor parte - e não programada - foi o encontro de seu Walter com as filhas, em uma pensão atrás do mercado, que ficou parecendo uma aquarela nas lentes do Pedro.
Ah, e ainda tínhamos pela frente a entrevista, fundamental para costurar toda a narrativa. A equipe estava atenta e eu começava a relaxar. Mas, devido ao jogo do Brasil (melhor esquecer isso!), o Parque Capitão Ciríaco, primeira locação programada para fazermos a entrevista, estava fechado. Susanna e eu trocamos ideias sobre um novo local, e Marilda verificava de casa quais eram as alternativas, enquanto Cecília (da casa dela, vizinha ao meu pai) sugeria o Horto. "Sim, o Horto de Rio Branco está lindo, mas talvez lindo demais, e além disso é "feriado de Copa do Mundo", pensava eu. De improviso sugeri irmos à casa da própria Marilda, no bairro da Floresta, mesmo que ela tenha sido a última a saber. O quintal dela, felizmente, guardava todas as fruteiras de que eu me lembrava e o chão tinha um tapete de folhas secas para amparar as lembranças de seu Walter. Na verdade, o cenário não importava muito, mas sim o que ele tinha a dizer. E como ele falou bem!, com direito a filosofia popular e um singelo canto no final da conversa. Foi o grande momento dele no filme, mas não o último, como vocês lerão mais adiante.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Enquanto isso, na Usina de Arte...


Em 25/06, aquecendo os motores para o início das filmagens, Susanna Lira e eu promovemos a palestra "O processo de realização e produção do documentário 'Soldados da Borracha", dirigida principalmente aos alunos do curso de cinema da Usina de Arte, em Rio Branco. (A Usina de Arte é uma antiga fábrica de beneficiamento de castanhas que foi restaurada e transformada em centro cultural para cursos livres, no estilo do Dragão do Mar, em Fortaleza. É uma lindeza!). Como o encontro antecedia as filmagens e foi em um dia de jogo do Brasil (melhor não lembrar dessa parte!), eu não tinha muita expectativa de público. Mas, para minha surpresa, estudantes e outros convidados não só lotaram o cineclube, como fizeram muitas perguntas relevantes.

Em 26/06, aproveitando a viagem, foi a vez da apresentação do longa-metragem dirigido por Susanna, "Positivas", no mesmo espaço, na Usina. O documentário mostra personagens soropositivas que foram infectadas por seus companheiros. É uma questão polêmica e comentada no filme, por personagens sem medo de expor, de diferentes partes do Brasil. Susanna disse que foi o melhor debate do qual participou pelo país afora, além de Argentina e França. Fiquei orgulhoso dos conterrâneos!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Lua Cheia de São João



Em 24 de junho, Susanna e eu aterrissamos em Rio Branco para verificar os últimos contatos de produção antes da chegada do restante da equipe, que também seguiria do Rio de Janeiro. Com a ajuda de Marilda, que tinha feito a pré-produção de personagens, e de Cecília, minha irmã, reencontramos "seu" Walter e "seu" Antônio, soldados da borracha, para combinar horários e locações. Ficava cada vez mais claro que era importante incluir não apenas os soldados da borracha que foram do Nordeste para a Amazônia durante a Segunda Guerra Mundial, mas também os acreanos que lá trabalharam na exploração de borracha, ensinando seu ofício aos "brabos", como eram chamados os migrantes. 
Eu estava obcecado por montar um plano de filmagens detalhado com horários bem definidos, com temor de que os velhinhos trocassem datas ou desistissem de participar do filme na última hora. De minha parte, tinha desistido de incluir "seu" Sebastião, morador do Quinze, no filme, porque ele se mostrara bastante contido em suas declarações durante a pesquisa de personagens. 
Ainda na noite do dia 24, estive com Cecília e Wellyton, meu cunhado, no arraial do Bujari (vila próxima a Rio Branco), promovido pela igreja católica, que ainda tem presença marcante no Estado do Acre, assim também como diversas outras religiões das quais é possível ver igrejinhas salpicadas por ruas e estradas. A Lua Cheia, "patrocinadora" dessas filmagens, aparecia entre as bandeirinhas, em meio ao ar  refrescante da proximidade da mata, enquanto Cecília observava caminhões sorrateiros que passavam carregados de madeira, certamente driblando exigências legais. Faltou luz por um breve período e foi difícil roubar uma foto da Lua. Mesmo com a produção bem encaminhada, desconfiado, eu queria reconfirmar cada item planejado, contrastando com o otimismo de Susanna e Marilda e a firmeza de Cecília, que passou a ajudar de perto com sua experiência como "produtora" e fundadora da Apae de Rio Branco. Para mim, tudo ainda estava por fazer.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Equipe

DIREÇÃO E ROTEIRO: CESAR GARCIA LIMA






Jornalista, poeta e professor-convidado do curso de Especialização em Jornalismo Cultural da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), onde também cursa o doutorado em Literatura Comparada. Trabalhou como crítico de cinema em diversas publicações de São Paulo, incluindo Folha da Tarde, Folha de S. Paulo e SET, promovendo periodicamente oficinas sobre documentário e criação literária. Escreveu sobre televisão nas revistas ISTOÉ e Contigo!, onde foi editor-chefe. Foi roteirista do Telecine e editor-chefe do Canal Brasil, no qual dirigiu documentários em Minas Gerais, Ceará e Mato Grosso, tendo criado o programa “Coisas de Cinema”.







PRODUÇÃO-EXECUTIVA: LUCIANA FREITAS




Jornalista, trabalha há 12 anos no mercado audiovisual abrangendo programas de televisão, documentários e produções independentes. Hoje é sócia-diretora da Modo Operante Produções, tendo sido produtora-executiva dos documentários em longa-metragem “Positivas” e “Nada Sobre Meu Pai”. Atuou também na produção executiva da Mostra de Cinema “Câmera, Close!”, no CCBB do Rio de Janeiro, e do filme em curta-metragem “Mãos de vento e Olhos de Dentro (2007). Também é responsável pela produção-executiva da Mostra de cinema “Maria Gladys – Atriz brasileira”, realizada na Caixa Cultural – RJ. (2007) e do documentário “Em direção a Ithaka” (2006), que acompanha o multiartista californiano Darin Pappas durante seu processo criativo na cidade do Rio de Janeiro.





PRODUÇÃO-EXECUTIVA: SUSANNA LIRA



Formada em jornalismo e publicidade com Especialização em Telejornalismo, direção de documentários e programas de TV. Atua no mercado audiovisual desde 1994, tendo realizado diversos trabalhos exercendo funções distintas para os seguintes veículos de comunicação: TV Globo, Globonews, Multishow, GNT, Futura, TV Cultura, TV Brasil e MTV. É sócia-diretora da Modo Operante Produções desde 2004, tendo dirigido os documentários de longa-metragem “Positivas” e “Nada Sobre Meu Pai”, além de ser diretora e roteirista do curta “Mãos de Vento e Olhos de Dentro” (Prêmio Edital do MINC/TVE Rede Brasil Curta Criança e Prêmio Melhor filme Goiânia Mostra curtas). Em 2005, dirigiu o documentário “Câmera, Close!”, uma biografia do ator Jorge Loredo, intérprete do personagem Zé Bonitinho, ícone do humor nacional, exibido pelo canal GNT.




DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: PEDRO FAERSTEIN




Graduado em cinema pela Universidade Federal Fluminense (Niterói, RJ), realizou trabalhos como diretor de fotografia, câmera e still de curtas, longas-metragens de ficção e documentário, atuando também em publicidade. Em sua filmografia destacam-se a direção de fotografia dos documentários “Positivas” e “Nada Sobre Meu Pai” (2009), ambos dirigidos por Susanna Lira, e do curta “Boca a Boca”, de Allan Ribeiro (2002), indicado para o prêmio de melhor fotografia estudantil na premiação da ABC 2004. Em still, seu trabalho mais conhecido é o filme “Se Eu Fosse Você”, de Daniel Filho (2005). Recentemente, atuou como câmera no documentário sobre Sylvester Stallone realizado durante a filmagem do filme “The Expendables” (2009).





SOM: ETIENNE CHAMBOLLE



Graduado como técnico de som pela École Louis Lumière, em Paris, onde nasceu, trabalhou em diversos projetos audiovisuais. Desde 2002, é produtor-executivo de sua própria empresa, a Flight Movie, tendo sido responsável por vários documentários para cinema e televisão, entre os quais se destacam LatinoAmericana 2002 (selecionado para Festival Documenta 2010 e Festival de Cine Pobre de Cuba 2010) e Cinéastes à tout prix (Seleção oficial do Festival de Cannes 2004). Como diretor, realizou "Les Ballons Pirates de Rio", Prêmio do público de melhor filme no Festival Du Film Aérien (Suíça, 2004). Como técnico de som em cinema e televisão, atuou em mais de 20 documentários. Entre 2001-2003, atuou como professor na Université Paris 1, Panthéon-Sorbonne, nos cursos de Licence et DEUG Arts du Spectacles (Technique du son et de la post-production audionumérique). Radicado no Brasil em 2010, vem ao país desde 1996.


ASSISTÊNCIA DE FOTOGRAFIA: MICHELLE DIAS



Formada em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (Niterói, RJ), participou de uma série de filmes nos formatos de vídeo, HD, 16 e 35 mm, desempenhando funções diversas como: direção de fotografia, assistência de câmera e still. Trabalhou na empresa Herbert Richers como revisora de filmes (controle de qualidade) e como assistente de edição nas novelas Floribella e Paixões Proibidas, ambas exibidas pela Rede Bandeirantes de Televisão. Atualmente é free lancer em filmes publicitários e dramaturgia nas funções de assistente e operadora de câmera. Entre outros trabalhos, destacam-se os programas Tira Onda e De Cara Limpa. (Multishow, Urca Filmes - RJ).

domingo, 4 de julho de 2010

Nós do filme


Hoje, 05 de julho de 2010, será o último dia de filmagens dos "Soldados da Borracha". Mal tive tempo de dormir, muito menos de postar alguma notícia aqui, mas farei uma seleção de "Melhores Momentos". Para começar, digo que tudo foi muito bom e acima das expectativas. Vamos encerrar esses dias com ótimo material e saldo positivo de personagens.

Eis aqui meus companheiros de peripécias pelo Acre:

Pedro Faerstein (camiseta verde): Diretor de Fotografia;
Michelle Dias (camiseta branca): Assistente de Fotografia;
Etienne Chambolle (microfone em punho): Técnico de Som;
Eu, Cesar Garcia Lima (camiseta estampada): Diretor
Susanna Lira (camiseta com texto): Produtora-Executiva.

Para completar a trupe havia Marilda Alves (Produção Acre) e José Decleio (motorista), que escaparam desse clique. 

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Clipping: Matéria sobre o filme publicada no Jornal Ä Tribuna"do Acre.









O jornalista, professor e poeta acreano César Garcia Lima teve o seu trabalho elogiado no Congresso Nacional, na tarde de ontem (29), em reconhecimento ao desafio lançado por ele para produzir o documentário “Soldado da Borracha”, cujas gravações terão início nesta semana no Estado do Acre. 
A homenagem foi feita em pronunciamento da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), autora do relatório já aprovado em comissão especial que eleva a pensão dos ex-seringueiros de dois para sete salários mínimos, e que obriga a União a pagar gratificação natalina aos nordestinos recrutados para extrair o látex durante a Segunda Guerra Mundial.

“Merece ser reconhecido aquele que sai para estudar lá fora, mas volta às suas origens por que continua envolvido com a nossa história”, disse Perpétua. César Garcia Lima, também diretor e roteirista, leciona disciplinas ligadas ao Cinema e a Literatura na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Crítico de Cinema em jornais como Folha da Tarde e Folha de S. Paulo, ele atuou como roteirista dos canais de TV à cabo Telecine, e pesquisa a trajetória dos soldados da borracha há mais de 8 anos.

Garcia entende ser justa e inadiável a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que, a partir da iniciativa da deputada acreana, irá elevar para R$ 4,1 mil a pensão especial a que eles têm direito. Após a homenagem, Perpétua alertou a mesa-diretora da Câmara Federal sobre a idade avançada destas pessoas, e a necessidade de se votar logo a PEC dos soldados da borracha, o que pode ocorrer antes do recesso do meio do ano.

“Tenho certeza de que se estas pessoas fossem mais jovens, teríamos condições de mobilizá-las e fazer pressão em Brasília. Aqui nesta Casa as coisas andam mais quando existe pressão popular. É o que fazem, por exemplo, em torno da PEC 300, que prevê o piso nacional para Corpo de Bombeiros, Policiais Civis e Militares”, comparou a deputada.

O documentário “Soldados da Borracha”, um média-metragem com duração de 30 minutos, tem apoio do Governo do Acre, através da Fundação Elias Mansour, e é um dos vencedores do Etnodoc 2009 – edital criado para apoiar a documentação e difusão do patrimônio Cultural e Imaterial Brasileiro. O filme ficará pronto em outubro e será realizado em parceria com a Modos Operante Produções, sediada no Rio de Janeiro, e já tem garantias de veiculação nas TV’s públicas. Será inscrito na Mostra Internacional do Filme Etnográfico de 2010, além dos principais festivais de cinema do Brasil e do exterior.

O filme mostrará imagens de Rio Branco, Plácido de Castro e Xapuri, onde os soldados da borracha ainda vivos mantêm a memória acesa e não sucumbem à infelicidade, mesmo que o outono de suas vidas tenha chegado, diz a sinopse.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Contagem regressiva para as filmagens


Depois de pouco mais de um mês de produção intensiva, conseguimos o importante apoio do Governo do Estado do Acre. Agora começa a contagem regressiva para o início das filmagens em Rio Branco, em 28 de junho. E ainda iremos também a Plácido de Castro e Xapuri. A "expedição" dura até 06 de julho.
No dia 25, a produtora-executiva Susanna Lira e eu faremos a palestra "O processo de criação e produção do documentário Soldados da Borracha" na Usina de Arte, às 19h, em Rio Branco.
A idéia de filmar no período das festas juninas me anima bastante, porque o calor está um pouco mais ameno, além do clima festivo dos arraiais, com boa comida e quadrilhas.
Na foto 3X4, um dos nordestinos que foi para o Acre durante a Segunda Guerra. Mas muitos outros já trabalhavam na Amazônia nessa época e o filme vai mostrar o que foi feito dos sonhos de vários deles.

terça-feira, 4 de maio de 2010

De volta à cidade ruidosa


De volta ao Rio de Janeiro desde domingo, os ruídos me assaltam. Assaltam mesmo, porque tiram minha paz: buzinas, celulares, pessoas que passam na rua discutindo o futuro sem prestar atenção no presente. Definitivamente conectado às mazelas urbanas, o Acre ainda guarda espaço para algum silêncio, mesmo que duramente cultivado. Inevitável lembrar dos versos de Drummond no poema "Explicação": "No elevador penso na roça,/ na roça penso no elevador."
Em meu cotidiano pouco previsível, começo a desenhar a agenda das filmagens em Rio Branco no final de junho. Estou me sentindo um pouco como um soldado da borracha chegado recentemente do Nordeste diante da escuridão do seringal e do rugido das onças: curioso e atento. É preciso seguir em frente e fazer o sonho caber no orçamento, que precisa de mais apoio.
Aliás, os soldados da borracha de carne e osso são um bom exemplo para isso: passaram 44 anos sem nenhum benefício de aposentadoria e não desanimaram. Ainda esta semana, um grupo deles planeja ir à Brasília para pedir reajuste da aposentadoria e 13º salário, que não têm até hoje. Segue uma foto de uma estátua de um migrante no mercado central de Rio Branco, diante da passarela para o Segundo Distrito. É uma espécie de síntese dessa passagem da tradição para o moderno e desse momento em que os soldados, sim, continuam a marchar.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O rei caboclo e o amansador de índios






João Alves da Cruz e Justino Antônio de Souza formam uma dupla inusitada, com quem estive na tarde passada em Plácido de Castro. João, moreno e de fala apaziguada, parece um rei caboclo, sem afobação. Justino, 82 anos, cearense, alto e branco, ainda guarda o ímpeto que fez dele líder e amansador de índios, a pedido do patrão seringalista.
João, 83 anos, nascido no Pará, foi seringueiro perto do Rio Tapajós, a serviço de norte-americanos, durante a Segunda Guerra, me fazendo pensar que ainda há muita coisa a ser melhor esclarecida sobre esse período na Amazônia.
Justino lembra com orgulho ter escapado de ir para a guerra durante exercícios para as tropas em Fortaleza. Lá, segundo ele, os governos norte-americano e brasileiro convocaram 66 mil brasileiros para lutar na Amazônia: "Por causa da falta de borracha para fazer bomba, os americanos estavam perdendo a guerra".
De uma maneira ou de outra, todos os soldados da borracha com quem converso me perguntam sobre a questão do reajuste da aposentadoria. Sem querer frustá-los, lembro a eles que a maior fortuna que têm é a história que (ainda) podem contar.

Língua solta



Encontrei José Alves Costa no balcão de seu bar na beira da rua, em Plácido de Castro. Aos 86 anos, sem camisa, ele não parece ter se esquecido de nada do que passou como soldado da borracha. Desfia as histórias sobre a perseguição do submarino alemão ao navio em que vinha para o Acre como se tivesse acontecido ontem. Diz que tirava de 30 a 35 latas de leite (látex) por dia. E, dedos em riste, não acredita que a aposentadoria (dois salários-mínimos, sem décimo-terceiro) vá ser equiparada a dos pracinhas (sete salários). Quando pergunto sobre os bichos da mata nos tempos em que viveu no seringal, abre o verbo: "Onça não faz medo, faz medo é cobra e cabra ruim". Digamos que seu José sabe se defender.

De volta a Plácido de Castro



Quando comecei a pesquisar a trajetória dos soldados da borracha, entre 2002 e 2003, um dos primeiros locais que visitei foi Plácido de Castro, cidadezinha a pouco mais de cem quilômetros de Rio Branco. Fica em uma das fronteiras acreanas com a Bolívia, onde se pode comprar importados por baxo preço. Foi lá que conheci o pessoal do Sisbex, antigo sindicato dos soldados da borracha, atualmente desativado. Dizem que tudo ficou parado depois da morte de Zé Pretinho (José Otávio do Nascimento), em 2004. É ele que canta o "Vamos partir/ vamos partir/ para o Amazonas" no teaser do post abaixo, uma espécie de hino cantado pelos soldados da borracha nos navios que saíam do Nordeste para a Amazônia.
Ao voltar a Plácido de Castro, me senti na obrigação de mostrar as imagens de Zé Pretinho para a viúva dele, Maria de Lourdes, para ela não se assustar ao ver o marido cantando no teaser, que já está circulando por aí. Dona Maria de Lourdes, que aparece na foto, ficou muito surpresa e agradecida ao assistir às imagens no notebook empoeirado e foi logo abrindo os poucos papéis do marido: uma carta datilografada em que ele resume sua história de soldado da borracha desde a saída da Bahia, um anel e um folheto de promoção da Seleções do Reader's Digest prometendo uma pequena fortuna, que ela acredita ser recebida em breve. Ao lado, a filha, cega de nascença e com problemas mentais, parecia alheia a toda esperança. No quintal, os gansos vigiavam a entrada. Mas parece que já não há muito para elas perderem.
Na esquina, pelo menos, mora o outro filho, Davi, dono de uma padaria,que me faz supor que o pão de cada dia está garantido.

domingo, 25 de abril de 2010

Um forró no Aeroporto Velho

Sempre achei que esse filme devia ter forró, porque nada mais nordestino do que isso. Pois bem: depois de uma visita não programada a uma espécie de centro cultural para a terceira (melhor?) idade, no bairro do Aeroporto Velho, aqui em Rio Branco, descobri um forró com jeito de matinê de sábado à tarde que é o paraíso dos soldados da borracha. Cheguei lá um pouco cansado dos 40 e muitos graus do dia, mas dona Socorro, a coordenadora do lugar, logo me indicou dois soldados e fez a promessa de arrumar outros. Cumpriu a promessa: me arrumou uma mesinha e cadeiras no quintal e me vi cercado de soldados da borracha, viúvas de soldados, com personagens que merecem não um, mas muitos filmes. Segue aí um trechinho muito fajuto que eu gravei improvisadamente, mas já dá para ter uma idéia do arrasta-pé. Acho que já sei como vou incluir o forró na fita...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

No Quinze, perto da Gameleira




Depois de um post- release sobre o documentário, chegou um momento mais prazeroso da produção. Desde terça-feira, dia 21 de abril, estou em Rio Branco, Acre, para escolher locações e conversar com alguns personagens. É minha terra, é minha cidade, mas não deixa de ser uma redescoberta voltar aqui para realizar uma tarefa específica de um projeto tão sonhado por mim.
O primeiro dos soldados da borracha com quem conversei vocês podem ver aí na foto: Sebastião Rodrigues dos Santos, 90 anos (!),
que se lembra até hoje o dia em que chegou à cidade, justamente ali no bairro onde mora atualmente, o Quinze, perto da Gameleira, árvore às margens do Rio Acre, que permanece como uma guardiã da cidade e de sua história. "Seu" Sebastião recorda que seu primeiro trabalho foi no Seringal Tucumã e não, não se arrependeu de ter saído do Rio Grande do Norte nem nunca mais voltou para lá. Zanzou por muitos seringais e, aposentado, voltou para o cenário do Quinze. Sim, como a gameleira, ele também é firme e lançou raízes na beira do rio.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Soldados da Borracha é contemplado no ETNODOC


Selecionado entre mais de 700 projetos, o documentário “Soldados da Borracha”, do diretor acreano Cesar Garcia Lima, é um dos vencedores do ETNODOC 2009, edital que tem como objetivo o apoio a documentação e difusão do Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. “Soldados da Borracha”, média-metragem a ser realizado em parceria com a Modo Operante Produções, sediada no Rio de Janeiro, já tem exibição garantida nas TVs públicas e será inscrito na Mostra Internacional do Filme Etnográfico de 2010. A equipe tem até outubro para realizar o filme, já em fase de produção, e busca apoio para as filmagens.
O filme, que será rodado em breve em Rio Branco, Xapuri e Plácido de Castro, no Acre, narra a trajetória dos nordestinos convocados pelo governo de Getúlio Vargas para extrair borracha na Amazônia para ajudar os Aliados. “Darei destaque à história desses personagens no Acre, que foi o principal destino de todos eles, e onde a consciência ecológica se desenvolveu com maior entusiasmo a partir dos ideais de Chico Mendes”, explica do diretor Cesar Garcia Lima, que vive no Rio de Janeiro e pesquisa o tema há mais de oito anos. Jornalista e poeta, Cesar atua como professor convidado do curso de Especialização em Jornalismo Cultural da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), onde também cursa o doutorado em Literatura Comparada. Até o final deste mês de abril, Cesar irá ao Acre para definir locações e fazer as primeiras entrevistas com os personagens do filme.