Blog sobre o documentário dirigido por Cesar Garcia Lima, produzido pela Modo Operante (Rio de Janeiro). Contemplado pelo ETNODOC, o média-metragem foi realizado entre junho-julho de 2010 no Acre. A saga de seringueiros nordestinos e acreanos vivida entre o sertão, a floresta e a cidade.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
De volta a Plácido de Castro
Quando comecei a pesquisar a trajetória dos soldados da borracha, entre 2002 e 2003, um dos primeiros locais que visitei foi Plácido de Castro, cidadezinha a pouco mais de cem quilômetros de Rio Branco. Fica em uma das fronteiras acreanas com a Bolívia, onde se pode comprar importados por baxo preço. Foi lá que conheci o pessoal do Sisbex, antigo sindicato dos soldados da borracha, atualmente desativado. Dizem que tudo ficou parado depois da morte de Zé Pretinho (José Otávio do Nascimento), em 2004. É ele que canta o "Vamos partir/ vamos partir/ para o Amazonas" no teaser do post abaixo, uma espécie de hino cantado pelos soldados da borracha nos navios que saíam do Nordeste para a Amazônia.
Ao voltar a Plácido de Castro, me senti na obrigação de mostrar as imagens de Zé Pretinho para a viúva dele, Maria de Lourdes, para ela não se assustar ao ver o marido cantando no teaser, que já está circulando por aí. Dona Maria de Lourdes, que aparece na foto, ficou muito surpresa e agradecida ao assistir às imagens no notebook empoeirado e foi logo abrindo os poucos papéis do marido: uma carta datilografada em que ele resume sua história de soldado da borracha desde a saída da Bahia, um anel e um folheto de promoção da Seleções do Reader's Digest prometendo uma pequena fortuna, que ela acredita ser recebida em breve. Ao lado, a filha, cega de nascença e com problemas mentais, parecia alheia a toda esperança. No quintal, os gansos vigiavam a entrada. Mas parece que já não há muito para elas perderem.
Na esquina, pelo menos, mora o outro filho, Davi, dono de uma padaria,que me faz supor que o pão de cada dia está garantido.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Oi,
ResponderExcluirUma história tocante.
A dor e a delícia de ser jornalista.
tata
C.Mo
Obrigado, C. Mo!
ResponderExcluirBoa noite.... Cesar, como faço para conseguir a letra completa do Hino do Soldado da Borracha?? (...) Destemido soldado brasileiro, seu produto servirá o mundo inteiro. Nós viemos fazer borracha para a guerra...
ResponderExcluirDesde já, obrigado.
Gerciel Batista Pereira
gersonferrer@ig.com.br