Volto a este blog depois de vários dias "ilhado" na edição. Montar o filme como média-metragem me preocupava, pois sempre o imaginei como longa, já que a história dos soldados da borracha é literalmente comprida. Com o filme montado, me surpreendi por ter ficado satisfeito, já que com tantos fatores em jogo fica difícil prever o resultado. No momento, estou em compasso de espera para a finalização, que ainda dependem de apoios. Mas vamos ao segundo dia de filmagem!
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Segundo dia
O protagonista do segundo dia de filmagem é o cearense Antônio Tomé Dias, 82 anos. A equipe e eu o pegamos em casa na rua 6 de agosto, em uma estranha "periferia" de Rio Branco, já que fica a cinco minutos do centro da cidade. Para vocês terem uma ideia do cenário, quando o conheci na pesquisa de pré-produção, na casa de um outro soldado da borracha, uma boca de tráfico foi desbarata no beco vizinho, em uma ação que envolveu dezenas de policiais.
Durante as filmagens levamos seu Antônio ao antigo seringal Catuaba, a poucos quilômetros de Rio Branco, onde funciona agora uma reserva administrada pelo INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Evandro Ferreira, meu amigo de infância e agora importante pesquisador do INPA, foi nosso guia nesse local que ainda conserva mata intocada, uma raridade nas proximidades da cidade.
Seu Antônio conserva o ar sério dos homens do sertão e carrega junto com ele cópia da documentação que o tornou soldado da borracha. Explicando melhor: quando foi para o Acre, durante a Segunda Guerra, ele tinha 16 anos e não foi aceito oficialmente como soldado da borracha. Não tem importância: conseguiu um atestado de conduta e, emancipado, embarcou e conseguiu trabalho nos seringais do Acre. Com memória intacta, ele recorda detalhes da viagem, os locais onde cortou seringa e seu exímio talento como caçador. Na mata, parece ter encontrado seu elemento primordial, e todo vestido de verde, só se distingue da vegetação porque mantém o andar ligeiro. Se ainda encontrasse trabalho como seringueiro, certamente viveria na floresta. Conversei com ele em vários locais diferentes desse antigo seringal e seu Antônio mostrou como cortava seringa, o uso do chá de bálsamo e ainda recitou vários versos de cordel, um talento escondido e mais do que bem-vindo, já que aparece logo no início do filme. No final das filmagens, eu ainda descobriria o incentivo para a educação que seu Antônio deu aos filhos.
Cesar, muito legal esse seu trabalho. Admiro você por estar sempre realizando projetos e sonhos. Boa sorte e beijão
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho, Cesar!
ResponderExcluirFeliz por ser parte dessa equipe.
Um beijo grande,
Lu.
Boa sorte amigo. A qualidade do seu trabalho, para mim já é convicção. Saudades,
ResponderExcluirAngela: sonho é combustível! Quero ver seus textos também publicados!
ResponderExcluirLu: você é um dos motores desse projeto! Vamos com calma que a gente chega lá.
Socorro: Obrigado pela cumplicidade!
Beijos a todas!