O jornalista, professor e poeta acreano César Garcia Lima teve o seu trabalho elogiado no Congresso Nacional, na tarde de ontem (29), em reconhecimento ao desafio lançado por ele para produzir o documentário “Soldado da Borracha”, cujas gravações terão início nesta semana no Estado do Acre.
A homenagem foi feita em pronunciamento da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), autora do relatório já aprovado em comissão especial que eleva a pensão dos ex-seringueiros de dois para sete salários mínimos, e que obriga a União a pagar gratificação natalina aos nordestinos recrutados para extrair o látex durante a Segunda Guerra Mundial.
“Merece ser reconhecido aquele que sai para estudar lá fora, mas volta às suas origens por que continua envolvido com a nossa história”, disse Perpétua. César Garcia Lima, também diretor e roteirista, leciona disciplinas ligadas ao Cinema e a Literatura na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Crítico de Cinema em jornais como Folha da Tarde e Folha de S. Paulo, ele atuou como roteirista dos canais de TV à cabo Telecine, e pesquisa a trajetória dos soldados da borracha há mais de 8 anos.
Garcia entende ser justa e inadiável a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que, a partir da iniciativa da deputada acreana, irá elevar para R$ 4,1 mil a pensão especial a que eles têm direito. Após a homenagem, Perpétua alertou a mesa-diretora da Câmara Federal sobre a idade avançada destas pessoas, e a necessidade de se votar logo a PEC dos soldados da borracha, o que pode ocorrer antes do recesso do meio do ano.
“Tenho certeza de que se estas pessoas fossem mais jovens, teríamos condições de mobilizá-las e fazer pressão em Brasília. Aqui nesta Casa as coisas andam mais quando existe pressão popular. É o que fazem, por exemplo, em torno da PEC 300, que prevê o piso nacional para Corpo de Bombeiros, Policiais Civis e Militares”, comparou a deputada.
O documentário “Soldados da Borracha”, um média-metragem com duração de 30 minutos, tem apoio do Governo do Acre, através da Fundação Elias Mansour, e é um dos vencedores do Etnodoc 2009 – edital criado para apoiar a documentação e difusão do patrimônio Cultural e Imaterial Brasileiro. O filme ficará pronto em outubro e será realizado em parceria com a Modos Operante Produções, sediada no Rio de Janeiro, e já tem garantias de veiculação nas TV’s públicas. Será inscrito na Mostra Internacional do Filme Etnográfico de 2010, além dos principais festivais de cinema do Brasil e do exterior.
O filme mostrará imagens de Rio Branco, Plácido de Castro e Xapuri, onde os soldados da borracha ainda vivos mantêm a memória acesa e não sucumbem à infelicidade, mesmo que o outono de suas vidas tenha chegado, diz a sinopse.